Bloggaridades - SocioElegias

para quase toda a vulgar sociedade elegíaca

20.12.05

Prisionais 2006 #5
(versão 1848e - série "iliterato")

...elegiacamente à volta do que nos prendeu...

Mas que o povo numa temerária luta contra o opressor soube vencer: não desistirá a cartola de ter tal coelho?



Da declaração de candidatura deste vero prisioneiro, retive as suas primeiras palavras: esperança e confiança. "[...] com a consciência plena das dificuldades que pesam no quotidiano da maioria dos portugueses e as inquietações que a simples palavra futuro evoca no espírito de tantos dos nossos compatriotas. Afirmo, então, que é possível viver melhor em Portugal, que é possível transformar Portugal. Como o escreveu o poeta, Portugal é um "país possível".

E como ainda é possível que seja possível viver num país assim? Ora, retive também as suas últimas palavras:

"Há um direito à esperança. E há uma esperança que não fica à espera, antes se transforma em acção, em trabalho e em luta. Organizar para lutar, resistir para crescer, unir para vencer, transformar Portugal num país mais livre, mais justo e mais fraterno.
- Eis, para hoje, os trabalhos da esperança.
VIVA PORTUGAL!"


Todos ao mundial! 2006 é nosso, unidos venceremos! (nem que para isso acontecer tenha que desistir...) Preso à elegia?



(duas opções à escolha... não hesite!)

Comentários:

10.12.05

Prisionais 2006 #4
(versão 1815d - série "iliterato")

...elegiacamente à volta do que nos prendeu...



Como a alegre candidatura não concorda com o desperdício de recursos que tem vindo a ser associado às campanhas eleitorais, a mensagem a passar não perderá de vista (cá temos o candidato dos óculos...) a crise que o país atravessa e as dificuldades vividas por tantas famílias portuguesas.


Disse ainda alegremente que "O principal défice que Portugal tem neste momento é o défice de portugalidade, de um pensamento nacional, de uma visão política estratégica do que deve ser o nosso país na Europa e no Mundo". Ora, no mundo com o Irão, o México e Angola e atrever-me-ia a acrescentar um outro dito alegre para o que resta de tristeza: "Ficcionando a realidade, vai-se mais ao fundo da verdade."


...para divulgar a mensagem do candidato o melhor será ver o que se passa...

Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Link para conversa ao desafio com Mário Soares:

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